Urubus

Eu não queria falar sobre isso.
Este jardim não foi criado para receber peçonhas, pragas e muito menos urubus. Mas não resisti. Me perdoem.
Estou chocada com os seres humanos. Não, eu não estou falando do Lindemberg, do velho de Santa Maria, do Igor, de 18 anos que morreu com um tiro de "bala perdida" numa festa da faculdade...
Estou falando de nós. Nós que observamos. Nós imprensa. Nós que buscamos. Buscamos um caso. Caso Isabela, caso Lindemberg... Ficamos em volta, como urubus, esperando, de preferência muito sangue. E muito no que meter o pau.
Não estou defendendo ninguém. Nem polícia, nem bandido. Mas é que é impressionante! Teremos que acrescentar ao "de médido e louco todo mundo tem um pouco", no caso do Brasil, o técnico de futebol (já tão sabido) e, ainda, o policial do GATE. Viramos todos especialistas. E somos bons nisso! Convictos...
O que eu realmente acho, é que se esse tivesse sido apenas um "caso de polícia" as coisas podiam, ai sim, ser diferentes. Mas não... era o "caso lindemberg", o "caso Eloá", o "caso de Santo André", ou seja qual outro apelido dermos para a história para cobri-la 24 horas por dia, com helicópteros, especialistas, aluguéis de apartamento e contatos da imprensa com o sequestrador pelo celular! Virou um reality show! Como assim imprensa em apartamento no mesmo prédio, imprensa com o celular do sequestrador? Como podemos julgar policiais se estamos todos envolvidos nessa especulação ridícula do pior show de Truman que poderíamos criar.
Eu não sou especialista em porra nenhuma. Mas tenho medo de estar aprendendo a viver de carniça!

10 comentários:

Beto Canales disse...

Negócios. Bons negócios. Imaginem alcançar os pontos na audiência que aconteceram sem salários de Glórias Marias, ou Menezes ou Pires, ou Boninhos dirigindo, sem cenários, nada... É muito lucrativo com um custo quase nulo: uma morte somente, de uma menina interiorana. Isso não é nada. Em uma semana nada lembraremos dela. A mãe talvez antes, "pelo sangue de jesus que afinal tem poder" e fez com que ela salvasse muitas vidas.
Prefiro continuar achando que é tudo delírio.

Lia disse...

Oi Otilia
Adorei o seu blog! Seus textos são muito criativos e pertinentes!!
Parabéns!
bjs
Lia

Cícero disse...

É tudo uma loucura, um cidadão fez 1000 camisetas com a foto da menina e vendeu tudo no enterro a 15 reais!!! E ainda tem mais de 1500 encomendas!!!!

Flor de Tília disse...

Obrigada, Lia.
Criatividade mesmo é o que há no seu blog!
Adoro tudo o que é trabalhos manuais. Parece que também vou passar muito por lá.
Adorei a visita, o comentário, o carinho.
Bj
Otília

Flor de Tília disse...

Pois é, Beto,

Mas o que me deixa mais alarmada são as pessoas, que "alimentam" o negócio. O que faz com que demos tanta audiência para tudo isso e nos dá a "formação" de especialistas?
A não ser que seja mesmo para vender camisetas, como disse o Cícero...

Anônimo disse...

olá, desculpe adentrar assim.


quero dizer que cheguei aqui através do blogue do beto.

sabe, gostei de ler esse seu post, acho que teve uma visão bem madura.

o ser humano tem dificuldade de raciocinar com maturidade em momentos assim e logo queremos culpar alguém, precisamos de um culpado para quase tudo.

viu como uma comunicadora, que entende do emissor, da mensagem e so receptor.

gostei muito do código que usou nesse canal, ou meio.

então, gostaria de dizer que acho que somos despreparados, ao menos como homens interessados em viver em sociedade.

dizem que o homem criou gupos de convivência em busca de facilidades interessantes a todos, mas me parece que a finalidade é boa, mas o que me pergunto é:

queremos facilidade para alcançar o que?

mais uma vez parabéns pelo bom texto e a ampla visão.

achei uma sacada o termo "abutres".

sorte e luz, porque enquanto você escreve o mundo responde.

Anônimo disse...

ah, e me desculpe, o termo é urubus, bah me desculpe mesmo, e por favor me perdoe pelo erro, sinceramente.

sorte e luz.

Karina Kohl disse...

Não é o melhor post para o que tenho pra contar, mas preciso muito: lembrei MUITO de ti enquanto assistia The Phanton of the Opera, no Majestic Theatre, na Broadway.
Do meu lugarzinho, eu olhava e lágrimas vertiam dos meus olhos...

Beijossss

Flor de Tília disse...

Sabe, Afobório, abutres teria sido bem melhor. Soa bem mais literário.
Obrigada pelos comentários.

Flor de Tília disse...

Uau, Ká,

Que belas andanças andastes fazendo. Temos que marcar algo para que me contes isto, timtim por timtim.
Bj