E a classe média?

Meu filho, um pequeno garotinho, prestava atenção às músicas natalinas no shopping.

"Seja rico, seja pobre
O velhinho sempre vem..."

Ao que ele olha, e exclama, com as duas mãos em interrogação:

- E a classe média, mãe?!

O luxo das coisas simples

"Simplicidade é a sofisticação máxima."
Leonardo da Vinci

Há muito, venho questionando o estilo de vida que levamos, em geral, principalmente nas grandes cidades.

Percebo que os momentos que me deixam mais feliz são aqueles tão simples como sentar debaixo de uma árvore para ler um livro, preparar uma receita (melhor ainda se a seis mãos - eu e meus filhos), acompanhar o desenvolvimento de um botão das minhas flores, conversar com um amigo querido, caminhar com meus filhos observando coisas corriqueiras, como um pássaro nas árvores, escrever (e receber!) uma cartinha, escrita a mão, para alguém querido...

Então por que é que cada vez mais tenho menos tempo para tudo isso? Por que não construo a vida de modo a proporcionar-me (nos) mais momentos como estes? Por que, e para onde, corremos tanto?

Além disso as "necessidades" cada vez maiores que nos provocam o consumo para sermos felizes:
"Preciso trocar de carro";
"Eu tenho que comprar aquela bola";
"Como eu queria uma casa maior";
"Esse ano eu compro um ar-condicionado! Não é possível suportar o verão!".
Quantas e quantas vezes ouvimos isso de amigos, colegas, conhecidos. Como se a felicidade estivesse atrelada a algo que precisamos comprar, de preferência com uma boa marca que "assine". É observando a mim mesma que tenho a certeza que desviamos o olhar verdadeiro quando pensamos que existe em algo assim a nossa felicidade.
A alma lavada, o suspiro demorado, o calorzinho no peito, o sorriso despercebido brota de outras coisas que, muitas vezes sem querer, dão brilho à vida.

Quais são estes momentos pra você?
Qual é o seu luxo?

Sobre flores e jardins

Pois resolvi plantar, aqui, um jardim.

Tenho a tília no meu nome, mas não é só por isso que o flordetília fala de terra, sementes, água, vento...

Eu realmente procuro pensar na vida da mesma maneira que penso no jardim de minha casa, a que me dedico com tanto prazer, com tanto amor. A vida também precisa de cultivo. E ainda que possa parecer sonhadora demais a metáfora, afirmo-lhes que definitivamente não sei como sobreviveria sem a possibilidade do sonho.

Como escreveu Rubem Alves, "Plantar um jardim é coisa fácil. Basta que uma pessoa queira. Pode-se plantar um pequeno jardim na varanda de um apartamento. Mas para plantar um jardim-cidade, para isso é preciso que muitos sonhem com um jardim. É preciso um povo sonhador. Porque um povo, como disse Santo Agostinho, é um bando de pessoas racionais unidas por um mesmo sonho."

Vez ou outra desanimo, e penso que há interpéries demais. Mas, logo depois, há sempre um sopro novo, um novo botão lembrando que é preciso seguir. Nesse nosso jardim, sei que muitos destes momentos irão aparecer. Estarei junto a Rubem Alves buscando o jardim-cidade. Obrigada, Rubem. É sempre renovador ler tuas palavras. Se me fosse possível, sentaria todas as tardes para conversar, te ouvir. Sempre que tenho o prazer de me deparar com palavras tuas é assim que me sinto. Sentada na grama, debaixo de um pé de tília, proseando...

Escrevendo

Esta é uma estréia.
Bom, pelo menos nesse formato.
Escrever, para mim, sempre foi hábito.
Mantenho diários literários e gráficos, desde os 14 anos (e lá se vão mais de 20)...

É recente também, minha incursão como leitora no mundo dos Blogs.
Tudo começou lendo Rita Apoena.

E agora, parece que não posso mais evitar fazer parte do time.

Resisitir? Pra quê?!

Então, merda pra mim!